Falar de educação financeira nunca foi tão importante no Brasil. Com recordes na taxa de inflação, desemprego em recuperação mas ainda com altos números, taxa de juros lá em cima e uma dívida pública ainda nas casas de 80%, refletir sobre a economia das pessoas comuns é uma tarefa urgente para a recuperação econômica do país.
Segundo pesquisas da Febraban, 69% dos brasileiros gastam mais do que ganham. Esse dado é preocupante e evidencia a clássica mentalidade falaciosa de que “crédito também é renda”.
Outro dado presente na pesquisa mostra que 60% das pessoas acreditam que as finanças são um impeditivo para aproveitar a vida.
Esse sentimento talvez seja reflexo de outros acontecimentos, dessa vez registrados na informação de que mais de 53% dos entrevistados na pesquisa tiveram que reduzir o padrão de vida devido a um compromisso financeiro.
E, para finalizar a exposição dos dados da pesquisa, apenas 21,9% das pessoas dariam conta de uma despesa inesperada. Na prática, as pessoas não têm um fundo reserva e gozam de um nível de educação financeira quase nulo.
Como parte da visão paternalista brasileira, muitos diriam que a solução para as questões levantadas seria a de pedir subsídios estatais.
Essa visão, no entanto, confronta com a realidade: quanto mais benefícios são fornecidos de forma assistencialista, mais as pessoas têm dificuldades de gerir o próprio dinheiro (sem contar, ainda, os impactos econômicos disso, como o aumento da inflação).
Vamos compreender, no desenvolvimento deste artigo, que a melhor forma de promover o crescimento econômico no Brasil é através da educação financeira.
O que é educação financeira?
Educação financeira é um processo que indivíduos de todas as classes podem se submeter ativamente para aprender a melhor forma de realizar a gestão dos seus ativos financeiros pessoais.
Esse processo leva a uma melhor compreensão a respeito da economia global, mas sobretudo daqueles tópicos que influenciam o dia a dia das pessoas. Educação financeira é sinônimo, portanto, da boa gestão do próprio dinheiro.
Atualmente, no Brasil, há uma deficiência na abordagem efetiva desse assunto, já que a maior parte das pessoas nunca tiveram matérias específicas sobre isso na escola, por exemplo.
Nos últimos anos, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular, que orienta o ensino em todo o território brasileiro) passou a prever o ensino de educação financeira na matéria de matemática já no ensino fundamental, mas tudo ainda de forma bem superficial.
O cenário financeiro no Brasil
Além dos dados informados no início do texto, vale a pena destacar as pesquisas internacionais sobre o assunto, que colocam o Brasil na 74ª posição no nível de educação financeira em um ranking de 144 países.
A situação do país, portanto, é bastante negativa no que diz respeito à educação financeira, evidenciado que o brasileiro médio tem muita dificuldade para fazer a gestão consciente das suas finanças.
O reflexo prático disso é uma população inconsequente, endividada e infeliz.
O pior de tudo é que, no final das contas há uma transmissão geracional de falsas compreensões a respeito das finanças, já que os pais passam para os filhos uma visão deturpada sobre gestão financeira.
Por que a educação financeira é importante?
Do conteúdo inicial que esboçamos até aqui já ficou suficientemente evidente um pouco da importância da educação financeira.
Se queremos um país economicamente forte, que gera oportunidade para todos, desburocratizado e economicamente atrativo, precisamos de educação financeira.
Mas não é qualquer educação financeira, afinal, esse assunto já está batido nos ambientes acadêmicos e até midiáticos.
Precisamos de uma educação financeira que consiga alcançar a vida prática das pessoas, dando a elas subsídios para uma organização financeira efetiva e que melhore a experiência com o dinheiro.
A seguir, vamos apresentar algumas das razões pelas quais a educação financeira é importante, sobretudo no que diz respeito a aspectos práticos da vida financeira das pessoas. Confira:
Reserva de emergência
O primeiro destaque deixamos para a reserva de emergência, já que a maioria dos brasileiros não contam com um valor destinado a imprevistos no orçamento pessoal.
A educação financeira conscientiza sobre a importância de, em todos os meses, reservar uma quantia de dinheiro para uma espécie de poupança reservada para emergências.
Alguns estudiosos afirmam que a reserva de emergência precisa ser uma quantia suficiente para sustentar a família por um período de três a seis meses.
Durante a pandemia da COVID-19 ficou evidente a necessidade disso. Aqueles que não tinham uma reserva guardada sofreram muito mais que os demais.
Para construir essa reserva, não é indicado utilizar as contas de poupança tradicionais já que, para efeito comparativo, em março de 2022, a poupança estava rendendo 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), o que equivale a 6,17% ao ano.
E as contas em bancos digitais, por usarem o CDI, chegam a um rendimento de 11,65% ao ano, ou 0,73% ao mês.
Alocar seus ativos de emergência em uma conta de um banco (geralmente digital) que utiliza o CDI é muito mais vantajoso e garante um rendimento maior.
Crescimento econômico
Pessoas que passam por um processo de educação financeira experimentam um aumento do seu poder de compra.
Isso porque, através de uma organização financeira pessoal, as contas e dívidas desnecessárias são superadas, ao mesmo tempo que o uso de cartões de crédito, por exemplo, é feito com maior segurança.
Com esse aumento do poder de compra naturalmente o mercado experimenta uma expansão positiva.
É claro que a educação financeira, de forma individual, não vai salvar a economia de nenhum país, mas pode ser um poderoso instrumento para colaborar com isso.
Embora indivíduos possam e devam investir por conta própria em educação financeira, um estímulo estatal seria de grande valia e traria impactos econômicos bastante significativos.
Um outro elemento que vale a pena ser considerado nessa dinâmica diz respeito aos investimentos. Uma população educada financeiramente é capaz de iniciar no mercado de investimentos, favorecendo também o crescimento da economia nacional.
Democratização da informação
A educação financeira também permite um acesso mais democratizado à informação.
Um dos reflexos da desigualdade social, por exemplo, é a dificuldade de acesso à informação por parte dos pobres, o que dificulta a possibilidade de uma ascensão sociopolítica.
Em contrapartida, conseguimos observar que pessoas com maior poder aquisitivo têm acesso a ferramentas e recursos de educação financeira que os pobres não têm.
O resultado é que os ricos conseguem alcançar a manutenção de sua riqueza, enquanto os pobres não alcançam a ascensão que pretendem.
Promover educação financeira, portanto, é dar, mesmo às pessoas mais carentes, oportunidade para crescerem economicamente.
Felicidade pessoal
Dinheiro não compra felicidade, mas consegue nos colocar bem mais próximos às nossas principais realizações.
A educação financeira permite que, através da organização das finanças pessoais, os indivíduos consigam empregar seus recursos nos seus sonhos e objetivos, com menos impacto nas finanças familiares.
Com uma melhor educação financeira você poderá arrumar suas malas e viajar com mais tranquilidade, sem peso na consciência, ou então iniciar projetos de empreendedorismo, investir na carreira, fazer investimentos e muito mais.
Recursos utilizados com consciência
Outro ponto que vale entrar para nossa conta é a utilização responsável de recursos. Por meio da educação financeira, as pessoas poderão contar um maior discernimento sobre a hierarquia dos gastos, adotando uma postura mais reflexiva diante de momentos decisivos.
Nosso sistema comercial e de vendas foi feito para estimular a compra por impulso. O fato é que a maioria das nossas compras ocorre assim.
A educação financeira leva o indivíduo a romper com esse ciclo de irracionalidade, gerando uma compreensão melhor sobre a viabilidade ou não de certas compras e decisões financeiras.
A consequência disso é evidente: mais economia e valorização do próprio dinheiro, bem como resultados financeiros mais satisfatórios.
Objetivos pessoais mais próximos
Sonhar é de graça, mas colocar os sonhos em prática custa muito caro!
Por causa da desorganização financeira, muitas pessoas não conseguem tirar seus planos e sonhos do papel.
A educação financeira nos mostra que tudo é possível de ser alcançado, desde que haja uma verdadeira e profunda organização.
Por meio de um planejamento, poupar e juntar dinheiro para alcançar certas metas será possível.
Se hoje você precisa escolher entre sonhar e economizar, com a educação financeira isso não será mais necessário.
Nome limpo
Se você perde o sono porque recebe mensagens, e-mails e cartas de órgãos de cobrança avisando sobre a negativação do seu nome, fique em paz, porque a educação financeira é capaz de te ajudar a sair dessa situação.
De forma metódica, uma boa educação financeira te levará a organizar cada aspecto da sua vida financeira, fazendo um diagnóstico geral da sua situação, identificando as dívidas que precisam ser pagas e trilhando caminhos para isso.
Deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente poderá se tornar uma realidade novamente.
Consequências da falta de educação financeira
Com a falta de educação financeira, as pessoas experimentam muitos reflexos negativos em suas vidas.
É possível que você mesmo passe por situações negativas nesse sentido ou, então, tenha alguns conhecidos que passam por algo semelhante.
Socialmente falando, a principal consequência está relacionada à inadimplência, pois a mesma tem um impacto forte na economia.
Quanto maior a inadimplência, menos dinheiro circula no mercado, gerando alta de preços, instabilidade na moeda e, mais uma vez, mais inadimplência. É um ciclo vicioso que seria resolvido com a educação financeira.
A seguir, vamos destacar os principais efeitos da falta de educação financeira para a economia do Brasil. Você verá, a partir destes tópicos, o quão necessária a educação financeira é importante para a manutenção e crescimento da nossa economia. Confira:
1. Diminuição da receita no empresariado
Os impactos da falta de educação financeira e, sobretudo, da inadimplência, afeta diretamente aqueles que são o motor da economia: os empreendedores e empresários de forma geral.
A cadeia de prejuízo criada pela inadimplência pode ser fatal para algumas empresas.
A inadimplência afeta o poder de compra das empresas, fazendo com que distribuidores e fornecedores também não recebam.
Para grandes empresas, lidar com a inadimplência é até mais fácil. No entanto, para pequenos e médios empreendedores, a consequência disso pode ser o fechamento da empresa e o decreto de falência.
A educação financeira, portanto, está diretamente ligada à subsistência das empresas.
2. Crescimento do desemprego
E, se as empresas são afetadas, naturalmente os empregos entram na berlinda. Quando um empresário precisa lidar com um prejuízo, a primeira ação para tentar salvar a empresa é dispensar aqueles funcionários que não fazem serviços essenciais.
E note o quanto essa cadeia fica cada vez mais triste: a educação financeira gera inadimplência, que afeta empresas e que gera demissões.
Essas pessoas demitidas também se tornarão inadimplentes, afetando outras empresas e causando mais demissões.
Mais uma vez, tudo seria resolvido se lá, no começo do processo, houvesse uma boa educação financeira.
3. Diminuição da liberação de crédito
Por fim, vale a pena destacar como consequência da falta de educação financeira a dificuldade de conseguir crédito.
Com o nível de confiança lá embaixo, as instituições financeiras passam a negar empréstimos e cartões para as pessoas e, quando libera, o faz somente com juros altíssimos.
Isso também tem um reflexo direto na economia nacional, pois juros altos influenciam na taxa de endividamento.
Tudo o que trouxemos até aqui tem reflexos diretos para o país. A educação financeira, portanto, não deve ser um privilégio de alguns, mas uma das prioridades nacionais rumo a uma economia mais sustentável e forte.
O Brasil é feito de pessoas, e as pessoas precisam estar bem com suas finanças para que as finanças do país possam ir bem também.
O objetivo da educação financeira
O grande objetivo da educação financeira é fazer com que o dinheiro deixe de ser um problema, mas se torne um aliado na busca pela felicidade.
O efeito da falta de educação financeira gera justamente o contrário: para muitos, o dinheiro é um problema, uma dificuldade, uma fonte de preocupação.
Ao aderir à mentalidade da educação financeira, as ações deixam de ocorrer no piloto automático, e cada pessoa torna-se consciente e responsável por suas decisões.
Dessa forma, racionalmente, a relação com o dinheiro é transformada e são deixadas de lado posturas inconscientes e impulsivas.
Além de tudo isso, a educação financeira também tem por objetivo fazer com que o dinheiro seja um aliado na conquista de sonhos e objetivos, mas sempre com muita responsabilidade.
Educação financeira e aposentadoria
A educação financeira também conscientiza sobre a importância de pensar na aposentadoria e não depender apenas da previdência social!
Nesse sentido, poupar dinheiro para o tempo da aposentadoria é talvez um dos principais aprendizados de quem entra na jornada da educação financeira.
Fica evidente que o caminho tomado pela maioria das pessoas, o de depender exclusivamente da previdência social, não é o ideal, já que muitos aposentados são obrigados a diminuir o padrão de vida para conseguirem viver com o salário liberado pelo governo.
Contar somente com a aposentadoria fornecida pelo Estado é uma verdadeira furada! Sob o ponto de vista da educação financeira, poupar dinheiro para a aposentadoria é uma solução muito inteligente.
É preciso, portanto, assumir uma postura reflexiva sobre a vida, considerando as possibilidades para a aposentadoria. Tais possibilidades podem incluir uma previdência privada ou, então, o depósito mensal de um valor na poupança para esse momento da vida.
Educação financeira e inclusão
A educação financeira é o principal e mais forte instrumento para a inclusão financeira, que consiste na disponibilização de serviços financeiros a custos acessíveis para todos.
Atualmente, isso não é uma realidade no Brasil. Alguns serviços financeiros são de exclusividade das classes mais privilegiadas, enquanto as classes menos favorecidas precisam se contentar com soluções que, por vezes, representam mais prejuízos do que benefícios.
Por meio da educação financeira, mesmo os mais pobres poderão aprender a gerir, poupar e investir seus ativos financeiros, tornando possível inclusive uma ascensão econômica por parte deles.
Além disso, fará com que as pessoas deixem de ser seduzidas por produtos com juros altos ou condições anormais.
Educação financeira e a legalidade
Outro efeito prático da educação financeira que reflete na economia do Brasil está na questão da legalidade.
Pessoas com educação financeira estão menos propensas, por exemplo, a pedirem dinheiro emprestado para golpistas ou agiotas.
Além disso, faz com que o armazenamento de dinheiro de forma precária e que impeça o rendimento também deixe de acontecer (quem não conhece alguém que guardava dinheiro debaixo do colchão, não é mesmo?).
No caso de produtos financeiros comercializados por golpistas, pessoas educadas financeiramente questionam-se sobre: “Como este produto financeiro pode me ajudar? Por que devo aproveitar este produto financeiro?”.
A resposta a tais perguntas evita grande parte da ocorrência de golpes.
Educação financeira e crescimento financeiro
A educação financeira favorece o crescimento financeiro individual das pessoas. Isso torna-se evidente, por exemplo, no ato de criar uma poupança com uma reserva de emergência.
Esse caixa poderá ser utilizado sim em caso de emergência, mas também demonstra o quanto pessoas disciplinadas financeiramente têm um potencial poder econômico maior.
A tendência de refletir antes de gastar também é um indicativo que tais pessoas conseguem juntar uma quantia maior de dinheiro, favorecendo o investimento em bens e serviços que realmente valham a pena.
Comprar um carro ou uma casa, para alguém com educação financeira, será muito mais fácil do que para alguém indisciplinado.
Crescimento financeiro individual e crescimento da economia
A consequência do crescimento financeiro individual é extremamente positiva para a economia de forma geral. Indivíduos com maior potencial financeiro representam uma economia mais forte e estável.
Fica evidente, portanto, que promover educação financeira é essencial para o crescimento e a subsistência econômica de países que buscam um maior desenvolvimento.
Como melhorar a educação financeira no Brasil
Mas, afinal, como melhorar a educação financeira no Brasil? No fundo, a melhor forma de fazer isso seria através de programas governamentais. No entanto, isso parece distante das prioridades dos governos.
Já que não podemos mudar o Brasil, que comecemos por nós!
Se você deseja que a economia brasileiro melhore, busque dar passos práticos de melhora em suas finanças pessoais.
De forma resumida, temos algumas dicas que podem te ajudar a melhorar suas finanças pessoais:
- Monitore os gastos mensais
- Identifique os gastos fixos e variáveis
- Calcule a média de gastos
- Analise e corte despesas variáveis
- Pague a si mesmo
- Crie um plano financeiro pessoal
Essas dicas fazem parte do Guia definitivo para educação financeira que está disponível exclusivamente aqui em nosso blog. Acesse agora mesmo e confira o conteúdo completo.
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