As finanças pessoais estão entre os assuntos mais procurados nos últimos anos, sobretudo a partir das dificuldades econômicas que o Brasil de forma geral enfrenta.
Infelizmente, o poder de compra do brasileiro despencou entre 2021 e 2022. Em contrapartida, os salários não acompanharam a inflação e os preços têm subido de forma exponencial.
O resultado é aquele que muito provavelmente você esteja enfrentando: mesmo com alguma tentativa de organização, as finanças pessoais parecem não caminhar para um estado de tranquilidade e, muito pelo contrário, esse assunto acaba tirando o seu sono.
Chegou o momento de dar um basta nisso. Neste post, vamos falar sobre a economia comportamental, uma disciplina acadêmica que pode dar muitos insights poderosos para a melhora das finanças pessoais.
Vamos ainda, com base nos conhecimentos da disciplina, identificar os principais comportamentos nocivos à sua saúde financeira e mostraremos como superá-los.
O que é economia comportamental?
Economia comportamental é uma disciplina acadêmica que aplica à teoria econômica o conhecimento de áreas como psicologia, neurociência e ciências sociais. A economia comportamental congrega descobertas que podem facilmente ser aplicadas às finanças pessoais.
Essa disciplina confronta os pressupostos da economia tradicional, que alimenta um certo idealismo com relação ao comportamento econômico do ser humano, como o pensamento de que agimos de forma racional e ponderada.
Encarando a realidade tal como ela é, a economia comportamental considera que nossa tomada de decisão é influenciada, por exemplo, pela busca de rapidez, satisfação imediata e fatores emocionais.
O ser humano é, portanto, naturalmente impaciente, imediatista e emocional!
De forma bastante prática, os teóricos da disciplina buscam compreender melhor como consumimos, gastamos e poupamos, evidenciando que, por vezes, deixamos a racionalidade de lado para tomar decisões.
O que a economia comportamental tem a ver com finanças pessoais?
As finanças pessoais podem ser diretamente beneficiadas pelos conhecimentos da economia comportamental.
Engana-se quem acredita que tais conhecimentos devem ficar restritos aos acadêmicos..
Muito pelo contrário, o saber presente na economia comportamental pode reverberar positivamente na forma como nós encaramos o nosso consumo.
Para ter acesso aos estudos de economia comportamental, o processo comum é buscar artigos acadêmicos em outros idiomas ou, então, correr atrás de alguns escritos em português que, embora bem raro, existem.
No entanto, a linguagem de tais artigos é bastante complexa, o que pode dificultar a compreensão.
Para te ajudar, o Dr. Money deixou de lado todo o academiquês e preparou este material, reunindo as implicações práticas da economia comportamental nas finanças pessoais.
E, para começar, precisamos investigar quais são os comportamentos que vivenciamos de forma quase automática e que prejudicam frontalmente nossas finanças.
Comportamentos nocivos às finanças pessoais
Grande parte das nossas ações acontecem de forma automática. É dado científico que o nosso cérebro, para economizar energia, poupa esforço ligando o modo automático em grande parte das ações do nosso dia a dia.
É o caso, por exemplo, de quando você está dirigindo para um lugar e se percebe indo em direção à sua casa, sem querer.
Essa é uma situação clássica de como nosso cérebro adota uma postura automática para nos desobrigar de gastar esforço e energia com ações específicas.
E isso se aplica também às finanças pessoais. Muitos de nossos gastos não são racionais, mas determinados por emoções, amizades, cultura ou qualquer outra circunstância que nos rodeia.
Para ter uma saúde financeira mais organizada, portanto, é essencial identificar quais comportamentos são adotados de forma automática e como isso prejudica as nossas economias pessoais.
Somente a partir dessa identificação é que será possível, por exemplo, mudar comportamentos e assumir uma atitude racional que fará com que nossas finanças pessoais sejam otimizadas.
A seguir, vamos analisar cada um desses comportamentos, combatendo os grandes vilões das finanças pessoais.
Necessidade de gratificação imediata
O primeiro vilão das finanças pessoais segundo a economia comportamental é a necessidade de gratificação imediata.
É muito comum, por exemplo, estar na fila de um caixa e ver aquele chocolate delicioso na prateleira. O instinto de gratificação imediata nos fará imaginar aquele chocolate gerando, inclusive, água na boca.
A pessoa vítima da gratificação imediata puxará aquele chocolate para si, sem ao menos considerar o preço e a real necessidade daquela compra.
É claro que esse é um exemplo pequeno, mas o mesmo instinto que leva à uma compra impulsiva de um simples chocolate, poderá levar à compra de um carro ou o assumir de uma dívida impagável.
Para combater esse vilão é preciso aprender a parar antes de comprar. Mas, para isso, é preciso tomar consciência de cada ato nocivo que é exercido no cotidiano.
Se você acredita que está sendo afetado pelo instinto de gratificação imediata, experimente ter consigo um bloquinho onde será possível registrar todos os gastos desnecessários do seu dia a dia.
Não poupar para a aposentadoria
A necessidade de gratificação imediata também fecha os olhos para o futuro. O importante, para quem é vítima de tal mentalidade, é o agora.
O resultado é uma aposentadoria com um salário mínimo, que mal dá para pagar as contas do mês.
Por conta disso, muitos aposentados precisam diminuir o padrão de vida que levam, prejudicando a felicidade de um dos momentos mais importantes da vida, que é a velhice.
É preciso, portanto, assumir uma postura reflexiva sobre a vida, considerando as possibilidades para a aposentadoria. Tais possibilidades podem incluir uma previdência privada ou, então, o depósito mensal de um valor na poupança para esse momento da vida.
Crédito e empréstimos em excesso
Um terceiro inimigo terrível das finanças pessoais são os cartões de crédito e os empréstimos tomados na impulsividade.
É possível que você não saiba, mas há um jeito certo de usar o cartão de crédito.
O jeito errado, em contrapartida, é gastar todo o limite com compras parceladas cujo custo total é maior do que a renda mensal ou, então, atrasar ou parcelar o pagamento da fatura.
Os juros dos cartões de crédito, em caso de atraso ou parcelamento, podem chegar a 300% ao ano, ou seja, uma dívida de R$1.000 no cartão pode transformar-se em incríveis R$32.000 em três anos (considerando uma taxa de 220%).
A falta de controle financeiro leva ao comprometimento do limite do cartão, parcelamento de fatura e, também, à tomada de empréstimos de forma impensada. O resultado? Uma bagunça generalizada nas finanças pessoais.
A dica para sair dessa situação é utilizar o cartão de crédito com inteligência, nunca para compras maiores do que sua renda mensal e aproveitando os programas de milhas.
Falsa mentalidade para investimentos
O brasileiro não tem a prática e o costume de fazer investimentos e, quando o faz, é extremamente temerário aos riscos.
Um investimento é a aplicação de um capital financeiro com a expectativa de ganho futuro.
É o que acontece, por exemplo, com os investidores do mercado empresarial, também conhecidos como empreendedores, já que investem um dinheiro inicial para abrir um negócio na espera de um lucro que virá com o tempo.
Há, ainda, os investidores do mercado imobiliário, que investem na compra de casas ou apartamentos para disponibilizá-los para aluguel, gerando uma receita recorrente.
Por fim, existe o investimento junto ao mercado financeiro, que consiste em comprar ações em bolsa, títulos do governo, CDBs, fundos de renda fixa e etc., na esperança de que tais ações possam render um nível de lucratividade.
Por desconhecer o mercado financeiro, o brasileiro tem aversão aos riscos e não consegue realizar tais investimentos, fazendo com que seu dinheiro deixe de render o quanto poderia.
Más influências sociais
As interações sociais têm uma grande influência nas decisões que afetam as finanças pessoais.
Essas interações podem ocorrer de forma direta através de conversas, ou simplesmente por imitação a partir da observação.
A maneira, portanto, como amigos, colegas e familiares lidam com o dinheiro, influencia diretamente em como cada pessoa individualmente encara seu dinheiro pessoal.
Aqui está um insights muito importante, pois é preciso ser criterioso com o tipo de informação que absorvemos.
Nesse sentido, a dica prática é começar a filtrar com quem você conversa sobre finanças e, principalmente, quais conselhos você dá ouvido e comportamentos que são imitados.
Excesso de confiança e otimismo com relação ao mundo
Vale destacar, ainda, uma característica que é analisada nas populações de todo mundo mas que está especialmente presente nos brasileiro: o excesso de confiança em si mesmo.
Esse sentimento de excesso de confiança faz com que as pessoas fiquem mais suscetíveis a erros, excessos e até golpes financeiros.
Isso pode ser verificado em pessoas que fazem compras impulsivas ou maus negócios porque se acham espertas demais para serem enganadas.
Mas além dessa autoconfiança excessiva, há também uma certa visão otimista do mundo, que encara que os fatores ambientais vão melhorar.
É o que acontece, por exemplo, com um pai de família que compra um carro em um momento inoportuno porque acredita piamente que a economia de forma geral vai melhorar devido a algum fator externo, como o governo.
A dica prática, aqui, é colocar o pé no chão, e viver a vida com uma justa medida de realismo.
Participação excessiva em loterias e jogos de sorte
Outro elemento que revela um perigo para as finanças é a participação excessiva em loterias e jogos de sorte.
A princípio tais participações podem parecer ingênuas, mas escondem uma certa visão mágica do dinheiro e seu retorno, o que justifica a aplicação monetária em algo sem valor em si mesmo.
Sem contar que tais práticas podem, com o passar do tempo, tornar-se vícios e corroer ainda mais as finanças pessoais.
Falta de conhecimento sobre os impostos e taxas
Outra característica genuinamente brasileira é a falta de atenção para os impostos e taxas.
Só em 2021, foram mais de dois trilhões de reais pagos em impostos no Brasil e, cada brasileiro, precisa trabalhar por quase cinco meses para conseguir pagar os impostos do período de um ano.
Isso mesmo, quase metade do seu ano trabalhado é dedicado ao pagamento de impostos.
O brasileiro de forma geral, no entanto, não tem noção disso, o que significa que nunca vai atrás de diminuir o pagamento de impostos, seja através de meios práticos, seja pressionando o governo para diminuir a incidência dessas taxas.
Por que contar com uma ajuda para organizar as finanças pessoais?
Tudo o que vimos até aqui nos revela a urgência que o brasileiro tem de aderir a uma verdadeira educação financeira. Por isso é importante que você conte com uma ajuda para lidar com suas finanças pessoais.
Mas, antes de falarmos disso, vale a pena revisarmos os principais comportamentos nocivos de nossa vida financeira:
- necessidade de gratificação imediata;
- não poupar para a aposentadoria;
- gasto com cartão de crédito e empréstimos em excesso;
- falsa mentalidade de investimentos;
- más influências sociais;
- excesso de confiança em si e otimismo com o mundo;
- participação excessiva em loterias;
- falta de conhecimento de impostos e taxas.
Se você se enxergou no cenário que relatamos até aqui, é porque precisa realmente de ajuda com suas finanças pessoais.
Para te ajudar com isso, preparamos um guia completo sobre o assunto que pode ser acessado gratuitamente aqui mesmo em nosso blog. Acesse e confira.